sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Urbes


Passam as pessoas.
Roda-se a quilometragem.
Escapam, quase que despercebidos, os segundos.

Da janela, vê-se carros afobados,
acompanhados de suas buzinadas ensandecidas,
cada um a seguir sua rota,
a seguir a mesma direção:
sem rumo.

Os olhares daqui assustam,
transmitem um vazio náuseo-arrepiante
e tudo parece meio acinzentado, meio mofado, meio morto
de pessoas cansadas, enfadadas, ressecadas,
de um vai-e-vem rotineiro, sangue-suga
da mente, do corpo, do espírito,
a consumir o último suspiro de sensibilidade
ainda, e com dificuldade, emanado por aqueles
que tentam sobreviver a essa selvageria de concreto.
Cruel.

Sopra o vento quente,
(ainda existe vento?)
contrapondo-se a essa frieza.
Pra lembrar a nós,
mortais,
de nós.

[Tempo, tempo, tempo...]

6 comentários:

  1. O real calor de ventanias e vendavais, tá aqui dentro, no interno, no íntimo, no coração.
    Beijoca, guria!

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  2. a gélida realidade é essa e muitos nem se dão conta...

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  3. tempo que passa.
    tempo que insiste em não parara...
    beijo!

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  4. Em "Pra lembrar a nós,
    mortais,
    de nós."
    Foi exatamente o que eu quis dizer, Camila!
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    Bia, é veradde. Consumidas pela rotina, as pessoas acabam se deixando passar.
    -----------------

    So Sad, pois é, o tempo tem estado mais curto a cada novidade dessa rotina que não se cansa, mas me cansa.
    -----------------

    *=)

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  5. Exatamento o que sentimos no cotidiano, mas de alguma forma se torna tão comum que nos adaptamos a esse meio.
    Nada como uma fuga para dentro da verdadeira realidade, e ser curado do cotidiano.

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  6. [a consumir o último suspiro de sensibilidade]

    ...

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