segunda-feira, 27 de setembro de 2010

*


Voava,

através de sua leveza incontida,

num naco de nuvem branca;

através de seu olhar esmeraldado,

embora penetrante,

impenetrável.


Ia em busca do brilho das estrelas...


[sem se dar conta de que existia em si um brilho maior]

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Urbes


Passam as pessoas.
Roda-se a quilometragem.
Escapam, quase que despercebidos, os segundos.

Da janela, vê-se carros afobados,
acompanhados de suas buzinadas ensandecidas,
cada um a seguir sua rota,
a seguir a mesma direção:
sem rumo.

Os olhares daqui assustam,
transmitem um vazio náuseo-arrepiante
e tudo parece meio acinzentado, meio mofado, meio morto
de pessoas cansadas, enfadadas, ressecadas,
de um vai-e-vem rotineiro, sangue-suga
da mente, do corpo, do espírito,
a consumir o último suspiro de sensibilidade
ainda, e com dificuldade, emanado por aqueles
que tentam sobreviver a essa selvageria de concreto.
Cruel.

Sopra o vento quente,
(ainda existe vento?)
contrapondo-se a essa frieza.
Pra lembrar a nós,
mortais,
de nós.

[Tempo, tempo, tempo...]

domingo, 12 de setembro de 2010


Me venha com um girassol,
com um rabisco quase pensado
— muito mais sentido —,
com ânsia, arrepio e timidez.
Me venha,
apenas venha,
com você.

sábado, 4 de setembro de 2010

tédio


oi sala;
oi outra sala;
oi cozinha;
oi biscoito Maizena;
oi garrafa d'água;

oi outra sala de novo;
oi sala de novo;

oi terraço;

oi sala de novo de novo;
oi outra sala de novo de novo;

oi corredor;
oi quarto;
oi livros;
oi caderno;
oi caneta;
oi palavras;
oi imagens abstratas que me levam a qualquer infinito em mim.