terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Luci

Pois com cuidado
Puseste-me envolta
Em ternura
Em doçura
Em mimos

E a ti dedico
O mais ditoso dos sentimentos

Amo você.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

E deixo a porta entreaberta,
a desejar que você
dissimule esse talvez de vir
em realidade
de verdadeiramente estar aqui...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Inflamável

As páginas se lançam
ao fogo
E nada se pode fazer...

O incêndio é apenas
o começo.
Regente de cada início existente,
a vida...

Mas basta a destreza da calma,
o natural...
Após as chamas vêm
as cinzas.

É preciso esperar para conhecer
o desconhecido...
O que por dentre elas se oculta.

E o que vejo nas cinzas do presente:
a sujeira!
Outrora ignorada em virtude
das chamas...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Luz

Poder, teu sabor alimentou-me
Mesmo com quem pensei que fosse
Imperecivelmente sutil...

Fervor, és a febre de meu corpo
Ao pensar naquele moço
E jamais seria a mesma...

Sim, quantas vezes fui a ti só rejeição
Refletindo a face de meu exuberante "não"
E meus sermões tão enraizados...

Presente, sois, pois, meu real encanto
Ao saber que do pranto da escuridão
Floresceu, portanto, meu reluzente semblante...

Sabores...

Vejo e revejo a calma do ser
Não aquela inata,
mas a que ecoa em mim
Ao perceber que tu, prenda minha,
Encontras em mim, devaneio,
O deguste de teu misto: sonho-realidade!

E, em consequência, encontro-me...

Vitrine



Valho-me de sorrisos, de gestos ternos
E aparo-me nos encantos que causo,
mas não me enxergo como esse conjunto de bons modos...

Eu vejo minh'alma invadir meus sorrisos
E tomar conta de meus gestos...
Esvair-me de toda a aparência,
pois já estou a desprezá-la.

O que me vale na realidade, então?
Intrínseco
Intrínseco
Intrínseco
E minha face já nem existe mais...

Inefável Sentimento

É inútel a tentativa,
Nada que externe a ti poderá exibir
o mínimo da emoção,
Comparado ao que sinto
Quando a mim és companhia...

Seja quando escrevo, ou quando penso em ti.
Menor ainda ao te ver,
Ou te sentir perto de meu corpo
- Abrigo terreno de minha tão espaçosa alma -
Pois desta te fazes vizinho permanente...

E eu mergulho meus pensamentos
Nas profundezas de meu ser
Ao buscar uma doce maneira de dizer:
Eu amo você!

Mas, que posso eu fazer, emoção suprema?
Se o que instala-se em mim
Não são as frases que a ti dedico,
Pois o que sinto é sem palavras...

Só a Ti

E meus sentidos se personificam
ao beijares-me a boca
Pois, ao tocá-las, chegas à imensidão
de minh'alma.

Esta última, alma minha, revela-se apenas a ti,
único detentor do código para decifrá-la...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Reflexo

Vejo o dia, passa o tempo;
Só me resta alguns momentos
E minha vida assim eterniza-se,
mas vejo ainda meu reflexo
Naquele velho espelho mofado
O qual remete-me um passado
que é gostoso refletir...

Em um momento elevo-me
ao chão do destino
e sigo refletindo
Mais uma vida inerte, vazia
preenchendo-a com míseras poesias
de prece e temor
de puro rancor
de ódio e amor

Chego tarde e vejo ainda
Meu reflexo de menina,
meu semblante doentio
que revela além de mim
revela meu não e meu sim
a verdadeira face
de todo orgulho que me preenchia

Mas deixemos tudo pra fora
pois em apenas um instante
tudo se devora...
Tudo se vai, tudo se foge...
Mas mesmo assim fico a me perguntar:
para onde eu vou além de cá?

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A Lixa

Havia uma lixa na gaveta.
De lá ousava sair
pois de tudo que fazia,
seu maior desejo era os outros diminuir.

Sua maior alegria
era diminuir as pobres unhas
que eram subimetidas à tal.
Ela adorava diminuí-las.

Depois de certo tempo,
sabia-se que a lixa estonteava glamores
pois era sutilmente usada
e requisitada repetidamente...

Mas, ao fim de tudo isso,
já se via como a lixa estava:
acabada, destruída, já não servia mais...
Era seu fim, era seu fim.

De maneira paradoxal, e como é,
À medida que a lixa vangloriava-se,
as unhas diminuíam... E a esse passo
a lixa se destruía e as unhas se aperfeiçoavam...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Meio boa, meio má

Essa insônia que me dá sempre que essas coisas acontecem
Já não sei mais como controlar, tudo que me enlouquece.
Essa ira que aparece, por isso tudo que desejo aniquilar,
O meu sangue é puro fervor, chega até a me arrepiar.

Meu lado bom persevera, até que tenta se aproximar,
Mas neste momento sombrio o melhor é nem tentar.
O melhor é esperar, é observar, é seguir...
Ah, que tédio que isso dá. Quero mais é sair daqui.

Oh, meu Deus, por que permites que esta raiva chegue cá?
Se sou anjo, se sou bruxa, agora não quero explicar,
Quero dizer o que tem por dentro, mas como posso lhe falar?
Se tudo que digo é sem sentido algum e só eu sei decifrar...

É que sou uma antítese bem difícil de entender,
Um enigma profundo, muito raro de se ver...
E assim eu sigo em frente, meio boa meio má
Com meu paradoxal modo de ser... Não adianta explicar.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Pequenos detalhes

Quando as portas se abrirem
E a alegria irradiar,
Aqueles que lá estiverem
Poderão não ficar para sempre.

Se o mundo murchar,
O sol esfriar,
aqueles que permanecerem
Talvez ficarão para sempre.

Quando a melodia deixar de entoar
E o violeiro de dedilhar;
aqueles que permanecerem
Poderão ficar para sempre.

Quando as portas se fecharem
E o sol se puser,
Se alguém por perto ficar, guarda-o.
Pois este ficará para sempre.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Meia verdade

Visitando meu interior, perdi-me em tudo que vi.
Beijei minhas palavras vãs, e de seu veneno quis fugir;
Mas não pude, pois de mim parte faziam.
As palavras, o veneno, tudo. Mas de mim não entendia.

Foi depois de certos tempos que eu pude relembrar;
Quantas coisas nessa vida que estavam sempre lá,
Guardadas, trancadas, para nunca alguém ver.
A palavra nunca dita me fez chorar sem saber.

Escondi-me, tantas vezes. Por centenas de segundos.
E cada instante que passava, enrigessia minhas palavras;
Mas a parte mais triste de tudo é que perdi-me de mim.

E deste tão sofrido modo, perdi-me de ti.
Sinto-me presa agora, não sei como retornar.
A cada instante que se passa, o destino vem me perturbar.

Seria...

Se pudesse viver eternamente, desejaria a história escrever.
Mitos, contos, fatos... Nada que eu não soubesse dizer.
Ir além de onde qualquer ser humano jamais conseguiu
E de tudo saber fazer. Alcançar a imortalidade...
Sonho de tantos... Mas feito real apenas de máquinas.

Se pudesse ser máquina, ela não gostaria de ser...
Porque viver sem sentimento é de fato morrer;
Para o mundo, para os sentimentos, para si.
E quanto mais existisse, menos viveria...
E quanto mais eu vivesse, menos saberia.

Então de que me valeria a eternidade, se nada por mim sentiriam
Se nada por alguém eu sentiria e deste modo sofreria
A dor de nunca ter vivido de fato;
De nunca ter me enganado; De nada enfim ter aproveitado.
E sendo assim, o desprazer de nunca ter amado.