quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sabe-se-lá-o-quê


Eu sinto ventos soprando
numa direção diferente;
na contramão de brisas menores,
vindo ao encontro de mim.

Eu sinto o beijo na face
de seus sopros serenos
cálidos, ternos, desinibidos,
suaves.
Desviando-me de minha quase-rota.

Ventos a me desejarem...
Eles me afagam,
entram em sintonia.
[delicadamente]

Sinto que são bons ventos,
deixo-me envolver,
porque eles me cingem
e me fazem flutuar.
Dão-me rumo,
seduzindo-me
a sabe-se-lá-o-quê

...

De onde vêm?
Do desconhecido.

Eles me rodeiam de boas sensações.
Emprestam-me uma força tal,
difícil de pronunciar.
Não sei dizer.
Só sei que sinto, e quero sentir.
Estão a me erguer, elevar-me o espírito.

E aos ventos,
invasivos e tão meus,
a eles, só me resta dizer:
cheguem-me, levitem-me, levem-me...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

*=X


E quando foi
que eu deixei transparecer
que meus olhares
são todos pra você?

Touche


Non, tu sais,
mon chéri,
même les anges...
Ils sont,
quelques fois,
un peu étranges.
Ils ont,
quelques fois,
un peu de peur.

Alors, viens avec moi,
viens décoller.
Prends ma main.
Nous allons,
ensemble,
toucher
les étoiles...

[Viens avec moi, chéri? Viens! Viens! Viens!]

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Do 'ele'

Do 'eles',
penso serem mais
do mesmo.
E não os vejo.

Do 'ele',
penso ser além
do mesmo.
Mas não me vê.

Além da desencantada mesmice
do 'eles',
para o encontro
do encanto
indefinível
do 'ele'.

Não dá pra ser dois,
quando só se há um.

Resta eu,
sobram 'eles'.
Falta 'ele'...
Não dá pra ser dois,
sem 'ele'.

[Mas existem dois] Eu e 'ele'.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Fantochear-me-ei

Recolho tudo:

olhos, língua,
dentes, mãos,
sangue, vísceras, nervos,
insanidade, opiniões,
pernas, vontades,
sensibilidade, encéfalo,
essência.

Jogo-os todos em um mesmo baú.
Guardo.
Escondo.
Deixo um mapa a quem mereça.

Assumo essa carcaça.
Sigo.
Invertida.
A enferrujar.
A abdicar de meu tempero.
Friamente estática.

Até que o feixe se rompa,
poupar-me é preciso.

Desisto.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Um Selo

Olá, pessoas!
Esse post não vai ser um devaneio, mas sim uma retribuição de um selo blogueano. *=D
Bem, pra começar, eu nem sabia que isso existia, mas achei lindo ter recebido. Alguém gostar do que escrevo me deixa orgulhosa. Sério! Julgue-me retardada, o que quiser. Mas eu gostei.

Recebi esse selo do blog Calmila. Obrigada!
Então, devo responder a duas perguntas e depois indicar três blogs.

Começando:
1- Quem é que nunca vai esquecer?
Depende de qual 'quem' a pergunta se refira. Nunca esquecerei de minha família, excêntrica, diga-se, e amigos. Mas, em relação a 'alguém' em especial, que provavelmente é o caso [pois foi a resposta do blog que indicou o selo], até agora não surgiu ninguém avassalador o suficiente pra se tornar inesquecível. Se já o conheci, ele não se apresentou como tal. Esqueceu, talvez. Aliás, nessa correria em que vivemos, onde nossos horários são tão apertados que mal dá tempo de dormir, o esquecimento do que deveria ser importante, ou até mesmo um adiamento, se faz constante. A magia, o irracional e o encanto são ignorados, deixados a mercê da sorte. De minha parte, também, não nego. Prefiro me pôr dessa maneira. Sinto-me mais segura. Não dá pra ser dois, quando só existe um. Mas... Deixa a vida discorrer, e acontecer, que ela não espera por nós. Vivamos. E se eu quero lembrar de alguém, marcante e que me enlouquece sem pudores, essa pessoa sou eu. Hehehe.

2- Alguém comanda a navegação da tua vida?
Se nem eu mesma dou conta de mim, quem dirá uma outra pessoa? *=P

3- Oferecer o selo a três blogs:
* Filosofia Introspectiva - O primeiro blog que eu acompanhei, bem antes de eu mesma escrever em um. Talvez fora a alavanca, impulsionada pelos comentários que eu fazia nas postagens dele, para que eu fizesse o meu. Elilson escreve poeticamente. Ele tem o dom!
* Eu Também Quero Falar - Um blog que eu achei do nada [orkut]. E passei a acompanhar, desde a primeira postagem, sem mais nem menos. Acabei gostando. Invadi. É um, digamos, multi-blog, onde se lerá de tudo um pouco, ou um muito. Uma mente!
* Caio Fernando Abreu - Esse aqui, é porque eu acho que todos deveriam ler e sentir os contos dele. A escrita envolvente. Ainda estou explorando. Então, exploremos-o!

Besu besu. *=)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010


desajusta meus sentidos
fecho os olhos
e vejo os teus
mãos tuas a se firmarem em meus braços
aumenta-se minha distonia
tu vens se aproximando
e qualquer coisa por aqui se expande
e se contrái
provocando medo
de mim
e te peço, em meu silêncio cálido:
segure em minha mão
sigamos por ai
na direção do vento
flutuando
e não largue
não


[Alguma coisa se entreabriu em mim. É, talvez seja grave.]